Hoje, o rosto de Mica já está bem diferente dos últimos anos - Foto Arquivo Pessoal

Todo tutor carinhoso conhece cada detalhe anatômico do seu pet. Foi por isso que a fotógrafa Melissa Vassalli estranhou quando a sua gata, Mica, apareceu com duas manchinhas descoloridas nos pelos da cabeça. Apesar de ser uma gata preta e branca sem raça definida, a tutora tinha certeza que aquelas duas pintinhas definitivamente eram novas. Bastou uma consulta com o veterinário para que a suspeita tivesse nome: vitiligo.

“No começo, eram só umas manchinhas na parte superior da cabeça, mas no fim do ano passado deu uma acelerada e metade do rosto ficou branco”, relata Melissa.

Pouca gente sabe, mas o vitiligo também pode acometer os felinos. A doença genética, possivelmente auto imune, se caracteriza pelo ataque aos melanócitos, as células do organismo que são responsáveis pela pigmentação da pele e dos pelos. Ao serem destruídos, o resultado é uma alteração progressiva na cor da pelagem que pode aparecer em qualquer lugar, como rosto, rabo e até nos coxins (almofadinhas das patas).

“Às vezes, o tutor que não conhece a doença, acha que animal está ficando grisalho”, alerta a veterinária Vanessa Zimbres, especialista em medicina felina e proprietária da clínica Gato é Gente Boa, localizada em Itu (SP). “Para ter a certeza do diagnóstico, o ideal é analisar um fragmento da pele do animal e comprovar a ausência de melanócitos. Mas, como geralmente são gatos mais velhos, fazer o procedimento nem sempre vale a pena.”

O vitiligo em si não costuma representar grandes inconvenientes ao pet, porém, é importante ficar atento às possíveis consequências. Sem a correta pigmentação, a pele fica mais exposta e os raios solares podem gerar uma lesão capaz de se transformar em um carcinoma epidermóide, ou seja, um câncer de pele.

A melhor maneira para evitar os efeitos nocivos da patologia é diminuir a exposição solar do gato. Se você tem dificuldade para controlar o pet, uma das possibilidades é a aplicação de protetor solar especial para felinos, porém, é preciso atenção.

“Como o protetor é uma barreira física, é preciso avaliar se ele não está incomodando o gato”, orienta a veterinária. “Se o animal ficar passando a patinha, na tentativa de tirar o produto, ele pode ocasionar uma dermatite que vai ser tão prejudicial quanto à exposição.”

Quem tem mais de um felino em casa não precisa se preocupar. O vitiligo é uma condição que se desenvolve de maneira individual em cada organismo e não é transmissível. Tomando os cuidados, a patologia é considerada apenas uma doença cosmética e não causa grandes transtornos à saúde. A própria Mica, depois de ter seus banhos de sol matutinos reduzidos, segue uma vida normal.

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