Vim aqui para divagar sobre as maravilhas e perrengues do Universo Feminino, mas antes uma introdução importante se faz necessária.
Ante à infeliz manifestação de um “homem” desumano, buscando autoafirmação ao tentar diminuir lindas mulheres valentes, porém em estado de vulnerabilidade e alerta bélico, cabe pontuar um relevante detalhe: ele não fala pela maioria das pessoas emocional e mentalmente sãs, portanto é alguém doente e com desvio de conduta.
Todavia, há que salientar que num país como o Brasil, em que a formação de pessoas perpassa pela coisificação da mulher, tratando-a como objeto de consumo, atos como o do cidadão mencionado são compreensíveis, mas nunca deverão ser aceitos como normais.
O normal, aceitável e justo é o tratamento igual entre as pessoas, independentemente de posição social, raça, credo, gênero ou orientação sexual. O ser humano é seu próprio algoz quando se divide por alguma das especificações acima, criando margem para julgamentos entre os diferentes.
A tal Síndrome da Barbie retrata que, desde cedo, a mulher deve servir ou satisfazer desejos do sexo oposto, como se fosse uma boneca: linda, perfeita e manipulável.
Ocorre que, a luta das mulheres para ter igualdade e respeito tem sido constante, secular, diária, congênita. Sim, congênita, pois somente o fato de se nascer mulher já traz o sobrenome medo.
Quando nós, mulheres, saímos de casa, nosso maior receio não é sermos assaltadas (embora também haja esse risco), mas sim estupradas, pelo motorista do Uber, pelo médico durante uma consulta, por um maluco que cruza nosso caminho quando voltamos do trabalho à noite, enfim, sempre estamos em sobressalto e lutando contra o invisível.
O medo nos é intrínseco e a superação dele uma necessidade diária.
Fica aqui uma reflexão: se você, mulher, tem essa garra em viver e sobreviver a uma sociedade que te julga e te vilipendia das mais diversas formas, você também tem força suficiente para erguer a cabeça, firmar os pés no chão, traçar e cumprir suas metas. E mais, se sobressair por seus méritos, sem desmerecer ninguém, muito menos homens.
Use a lei para punir.
Muito me incomoda ouvir e ver acontecer situações onde a mulher acaba se perdendo em suas lutas ao se entregar ao escárnio e menosprezo de homens. Desnecessário e contraditório, pois estará fazendo exatamente o que não gostaria que fizessem com você. Somos complementares, homens e mulheres, e não excludentes.
Desde que me entendo por gente sou feminista, na acepção exata da palavra: aquela mulher que luta para ter seus direitos igualados aos dos homens, conforme minha essência, competência e capacidade. Para isso, tal movimento nasceu, mas atualmente há uma distorção de sua natureza, tornando as mulheres agressivas, rancorosas e masculinizadas.
A nossa beleza – e maior trunfo – está na feminilidade associada a uma grande força emocional e gigante capacidade intelectual, qualidades que se sobrepõem a qualquer fala ou ato inoportuno de alguém despreparado e ignorante.
A legislação está a nosso favor e a cada dia mais adequada aos moldes da sociedade atual, traçando caminhos há muito tempo desejados para a proteção de nossos direitos e nossa vida.
Então ame ser mulher e seja mulher!
Não tente se enquadrar em padrões que você não cabe, lute sempre por seus direitos, escute as experiências de outras mulheres e exerça seu dom de encantar!
Seja inteligente! Tenha prioridades!
A mulher que trabalha em si mesma, para si mesma e por si mesma aprende a se honrar e a honrar outras mulheres, sem desmerecer nem agredir ninguém, uma vez que já ganhou todas as batalhas internas e sabe muito bem que seu lugar no mundo é onde ela se colocar.
Ninguém pode parar alguém que sabe quem é, o que quer e como vai conseguir.
FELIZ DIA DAS MULHERES!
Ana Cláudia Cardoso Braga é advogada militante em direito Digital e Internacional, atuante no escritório Toledo e Advogados Associados.