Rodeio em Sorocaba: um retrocesso na causa animal

Ativista explica que evento pode ser realizado, desde que não incluam bois e cavalos

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Comidas, grandes shows, arquibancadas cheias e arenas lotadas: tudo isso faz parte dos rodeios – assim como o sofrimento dos animais que são submetidos a esse espetáculo. Passada a pior fase da pandemia, os eventos com bois e cavalos estão voltando a ser realizados e é necessário pensar até que ponto o sofrimento é entretenimento.

É o caso de Sorocaba que, após 13 anos de proibição, o prefeito Rodrigo Manga divulgou, na última terça-feira (26), que o evento será retomado em novembro. A prática foi liberada pela Câmara Municipal no ano passado, por meio de um polêmico projeto apresentado pelo vereador Vinícius Aith (PRTB). Diversos ativistas já estão se movimentando contra o rodeio, entre eles, Jussara Fernandes – presidente licenciada do Grupo de Amparo ao Melhor Amigo do Homem (Gamah).

“A decisão para a realização do rodeio foi embasada em ser algo cultural. Também era cultural, há poucos anos, a mulher apanhar do marido e ficar quieta, por dever obediência ao cônjuge, mas isso evoluiu e hoje temos leis que penalizam esse tipo de violência. A cultura e tradição não podem ser alegações para a prática de qualquer tipo de violência. Os animais também sentem e sofrem, são vivos e não podemos permitir que continuem sendo submetidos a isso”, ressalta.

Diferente do que se pensa, o rodeio não é brasileiro. Ele foi importado dos Estados Unidos e não traz nenhum enriquecimento ou aprendizado cultural para o Brasil.

De acordo com o Instituto Certified Humane Brasil – representante na América do Sul da Humane Farm Animal Care (HFAC), há Cinco Liberdades Fundamentais dos Animais, entre elas: estar livre de dor, injúria e desconforto, além de ter liberdade para expressão dos comportamentos naturais da espécie. “Não é natural dos bois e dos cavalos ficarem pulando no pasto, eles só têm esse tipo de comportamento ao serem submetidos ao estresse extremo”, comenta.

Jussara Fernandes, ativista da causa animal – Foto Divulgação

De acordo com as ativistas da causa animal, os rodeios, além de ferirem todas as Leis que se referem aos maus tratos contra os animais, envolvem várias situações que causam terrível estresse psicológico aos bichos. Entre as situações, Jussara lista: “o treinamento para que o boi e o cavalo tenham aquele comportamento agressivo durante o evento; o transporte; o animal, que tem sistema auditivo muito mais sensível em relação aos humanos, é exposto aos barulhos da festa, como música alta, shows e, em muitos casos, fogos de artifício; e, toda a violência a qual ele é submetido no brete, como utilização da cinta que ‘esmaga’ a genitália do boi e do cavalo para que ele sinta dor e fique agitado, entre outros estímulos agressivos feitos antes do peão subir nele para o ‘show’.

Jussara Fernandes defende a não realização do rodeio em Sorocaba – Foto Divulgação

“Queremos que as pessoas entendam que não somos contra o evento, mas sim contra a exploração dos bois ou cavalos. O evento pode continuar sim, desde que apenas com a realização de shows e outras atrações que não incluam animais. Toda vida importa e a realização de rodeios é algo inadmissível!”, conscientiza Jussara.

Para evitar a realização dos rodeios em Sorocaba, a ativista está organizando um abaixo-assinado. A meta é atingir 75 mil assinaturas e quem quiser contribuir, deve acessar: https://chng.it/rPghFY7Lqd.

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