O Instituto Empodera, com apoio do Governo do Estado de São Paulo, contemplado pelo Programa de Ação Cultural (PROAC), por meio da Lei Aldir Blanc, encerrou na última semana o evento “Expedições Criativas”, o qual contou com 376 inscritos de diversos estados brasileiros e mais de 575 pessoas que acompanharam pelas lives no Youtube.
O evento tinha como foco contar as histórias de superação por trás dos produtos do Conexão Musas, um projeto do Instituto Empodera que utiliza a economia criativa como ferramenta de empoderamento feminino, despertando talentos e gerando renda a mulheres em diferentes situações de vulnerabilidade, além de disseminar conhecimento sobre as técnicas de upcycling, customização, moda circular e modular, tingimento natural e extração de pigmentos, confecção com biomateriais e eletrônicos aplicados aos têxteis.
Atualmente o projeto Conexão Musas atua nas cidades de Sorocaba, Campinas, São Paulo, São José dos Campos e Tapiraí, desenvolvendo um trabalho com cerca de 70 mulheres; entre elas: ex usuárias abusivas de drogas, trans, indígenas, vítimas de violência sexual e demais que se encontravam em situações de vulnerabilidade.
Por meio da costura, do artesanato e demais habilidades manuais, essas mulheres desenvolvem produtos sustentáveis e captam renda. Para participar do evento, foram escolhidas oito mulheres do projeto que são chamadas carinhosamente de musas inspiradoras, as quais palestraram sobre suas habilidades manuais e contaram suas histórias.
Uma dessas mulheres foi Kerexu Mirim ou em português, Laura Soares Gabriel, uma mulher indígena que vivia com a sua comunidade em Jaraguá, na cidade de São Paulo, até que suas terras foram invadidas pelo rodoanel. Após 20 anos de processo ganharam um pedaço de terra em Tapiraí, interior de São Paulo, onde vivem atualmente.
Além de trazer todo o seu conhecimento acerca do artesanato guarani, ela também contou a sua história na Aldeia Guyra Pepo, fazendo um intercâmbio cultural com os participantes do evento.
“Eu queria que conhecessem o dia a dia das mulheres na aldeia, pois aparecem mais os homens. Sem as mulheres nós não vivemos, nós somos a base. Na cultura guarani sempre falamos da importância da união! Seja guarani ou não, as mulheres devem se apoiar”, comenta Laura.
Outra musa inspiradora do evento foi Joh Bitencort, uma mulher trans que morou na cracolândia e hoje trabalha como costureira no projeto em São Paulo.
“Aprendi a costurar no projeto, eu nunca imaginei que eu iria sentar em uma máquina de costura. Tem pessoas que acham que eu sou prostituta quando eu digo que trabalho perto da Luz, por isso, tenho orgulho de dizer: ‘Não, eu sou costureira!’”, conta Joh sobre os preconceitos que vivencia.
Para Raquel Barros, coordenadora do Expedições Criativas e diretora do Instituto Empodera, o evento foi surpreendente e promete futuras edições. “O evento criou uma conexão entre pessoas que queriam aprender e outras que queriam ensinar, trazendo diversos olhares e possibilidades para gerar novas formas de economia. Não foi só um evento, foi um processo de transformação social e sustentável”, diz Raquel.
A Gabriely de Paula, moradora de Curitiba, participou de todos os dias do evento. Ela comenta que achou a proposta muito interessante, pois o Expedições Criativas abordou a questão da mulher no empreendedorismo e a sustentabilidade.
“Meu maior aprendizado foi ver o quanto é possível a vida de uma pessoa ser transformada por meio de trabalhos que reaproveitam materiais. Durante o evento eu estava produzindo uma órtese adaptada de escova de cabelo para um trabalho da faculdade, com o evento comecei a pensar em desenvolver o projeto e adaptar mais objetos para ajudar a vida das pessoas”, finaliza Gabriely, estudante de terapia ocupacional.
O conteúdo dos quatro dias de evento estão disponíveis no canal do Youtube do Instituto Empodera. Para conhecer as histórias de vida dessas mulheres e todas as palestras ministradas durante o Expedições Criativas, acesse: https://www.youtube.com/channel/UCpGpoWTZBLm4GXaR9_vqOig/videos.
