ESTUDO FIESP MOSTRA QUE PRODUÇÃO DE AMENDOIM MAIS QUE DOBROU NOS ÚLTIMOS DEZ ANOS

Especializado e mais moderno, o setor tem potencial para avançar em todo o território nacional

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O Departamento do Agronegócio (Deagro) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) divulgou nesta segunda-feira (31/05) o estudo “Agronegócio do Amendoim: Produção, Transformação e Oportunidades” com os principais resultados de desempenho dos diversos elos da cadeia produtiva. O objetivo do trabalho é contribuir para o desenvolvimento do setor na economia brasileira, sobretudo no estado de São Paulo, que representa mais de 90% da produção nacional de amendoim.

“As grandes culturas, como soja e milho, ocupam o protagonismo na produção de grãos no Brasil e são os vetores que ditam a dinâmica da nova safra recorde que deve superar 270 milhões de toneladas. No entanto, outras culturas se destacam em âmbito regional e têm o potencial de crescer no território nacional, trazendo uma relevante base industrial, caso do amendoim”, explica Roberto Betancourt, diretor titular do Deagro da Fiesp.

Entre 2011 e 2020, a produção agrícola do amendoim mais que dobrou de tamanho, saindo de 331 para 684 mil toneladas, puxada pelo bom desempenho da produtividade, que cresceu 20% no período. As exportações dos produtos derivados do amendoim ficaram quatro vezes maiores em volume e mais de três vezes maiores em valor, sendo 100 países atendidos.

“Este desempenho tem alguns fatores de sucesso por trás, como a sinergia entre os agentes da cadeia produtiva, o investimento realizado em pesquisa e na mecanização, especialização do produtor e inovação na indústria, destaca Renato Fechino, vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab).

Indicadores de contratação de crédito e de seguro rural
Segundo os dados do Banco Central, no período de 2013 a 2020, a contratação do crédito rural no setor de amendoim avançou em todas as finalidades: custeio (175%) e comercialização (90%). Industrialização, que não havia contratação em 2013, alcançou R$ 44,1 milhões em 2020. Neste mesmo período, o crédito rural total contratado passou para R$ 527,4 milhões, um aumento de 144%.

Em 2013, quase que a totalidade do recurso tinha como fonte as linhas subvencionadas, enquanto, em 2020, os recursos com juros livres, como a LCA, representaram 50% do total. Estes dados são também evidências da profissionalização cada vez maior do setor.

No caso do seguro rural, em 2019, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) editou portaria ampliando a janela de plantio nas principais regiões produtoras, o que já se reflete no aumento da área coberta. O valor da subvenção para a cultura precisa crescer, mas o setor tem observado importantes avanços nesse sentido, o que torna o cenário favorável para os próximos anos.

A evolução da indústria do amendoim na última década
O Estudo realizado pela Fiesp estima um aumento nos produtos como torta, óleo e preparados de amendoim de 146 para 254 mil toneladas no período entre 2011 e 2020.

A indústria esmagadora do grão, que gera a torta e o óleo de amendoim, processou 139 mil toneladas em 2020, alta de 67% em relação aos 83 mil de 2011. Outro destaque foi o óleo de amendoim, que subiu 133% no período, saindo de 31 para 73 mil toneladas, dos quais 92% destinados à exportação. Os embarques do óleo tiveram um incremento de 187% em dez anos, e, atualmente, o Brasil ocupa a terceira posição global entre os maiores exportadores, sendo superado apenas pela Argentina e Senegal.

As indústrias de produtos à base de amendoim, como a pasta, japonês, torrado, temperado, triturado, entre tantos outros produtos são ainda concentrados no mercado interno, para o consumidor final e indústria de confeitos. Na última década, houve alta de 84% na oferta desses produtos, chegando a 114 mil toneladas em 2020.

Consumo nacional
A região Sudeste representa 60% do consumo brasileiro, com destaque para São Paulo, com 42% do total do país. “O crescimento do setor ganhou impulso com o Programa Pró-Amendoim, que monitora a segurança alimentar dos produtos e que comemora 20 anos de atuação no mercado brasileiro em 2021”, disse Fechino.

O mês de junho marca o início da festa junina, período mais importante de vendas. “Em anos anteriores, este período representou, em média, incremento de 20% a 30% nas vendas das indústrias. Evidentemente, em 2020, o cancelamento das festas impactou os resultados, mas estamos otimistas para 2021”, completa Fechino.

Crescimento no mercado
Apesar do extraordinário desempenho do setor, ainda há muita oportunidade de crescimento, tanto no mercado internacional quanto no mercado interno. “Em termos médios, o brasileiro consome cerca de 1,1 quilo ao ano de amendoim, os norte-americanos consomem cerca de 6,7 e os chineses, maiores consumidores do mundo, marcam 13 quilos/hab./ano. A média global é de 6,0 quilos/hab./ano, ou seja, temos espaço suficiente para avançar no mercado interno, o que nos permite vislumbrar um forte e sustentado desempenho futuro”, conclui Betancourt.

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