Tente passear em qualquer parque em final de semana ou feriado. Encontrará mulheres, homens, adolescentes e avós a passearem com pets bem escovados, cheirosos e roupas de grife. Dificilmente encontrará alguém passeando com uma criança. Ver-se-á pessoas caminhando a esmo a olhar o celular sem prestar atenção a nada mais. Vá a um bom restaurante e verá famílias inteiras à mesa digitando, cada um, o seu celular. Nenhuma conversa, nenhuma interação, nenhum relacionamento familiar.
A sociedade tornou-se, como afirmou Bauman, numa “sociedade líquida”. Nesta, as relações sociais, econômicas e de produção são estéreis, individualizadas e totalmente dispensáveis. A comunicação e relacionamento familiar e social tornou-se em algo fugaz, frágil, maleável. Como líquido, os relacionamentos já frágeis escorrem pelos dedos das mãos. A lógica do consumo e do virtual tomou o lugar da moral, do companheirismo, do amor verdadeiro. As amizades passaram fragilmente a serem analisadas pelo que as pessoas têm e compram, e não por aquilo que são de verdade. Que se dane o caráter, a moral, a convivência social. O importante é ter seguidores na internet. A ideia de ter, de comprar, de estar na mídia é muito mais importante que qualquer relacionamento. As pessoas, com raras exceções, passaram a comprar afeto e atenção, e estas são fugazes, estéreis, líquidas. Por isso, as amizades se foram; o companheirismo desapareceu. Os pets e celulares são mais importantes que a família, que a amizade social, que a moral, que o caráter. Odeia-se os contrários e ama-se os pets e congêneres. Filhos, pais e parentes se tornaram estranhos dentro da mesma casa. Tudo está se liquefazendo.
Infelizmente isso também tem adentrado aos arraiais cristãos, independente de qualquer etiologia. Como amar a Deus e ao próximo como a si mesmo? Como amar os inimigos conforme ensinou Jesus no Sermão do Monte (Mateus 5-7), conforme Mateus 5:43-48.
É preciso voltar a aprender amar de verdade. Não amor líquido. Amar é verbo e implica em ação. Amor é substantivo e implica em algo concreto, profundo, verdadeiro. Amar o amor de Deus em Cristo para com a família e o próximo. Isso é mandamento divino e não é líquido.
Não se está falando de pets, celulares ou algo líquido. Apenas de algo sólido, concreto, perene, divino: amor verdadeiro e relacionamentos sólidos. Estes se fazem com mais relacionamentos humanos e menos relacionamentos caninos. Não há que se excluir os pets e sim priorizar aquilo que Jesus ensinou: amar ao próximo com a si mesmo.