Autismo: 6 informações que você precisa saber

Hospital pediátrico reforça a importância do conhecimento na conscientização do transtorno do espectro autista

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Foto: Wynitow Butenas/Hospital Pequeno Príncipe

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que uma em cada 100 crianças tem transtorno do espectro autista (TEA) e que em todo o mundo são mais 70 milhões de pessoas com TEA. Só no Brasil, são mais de dois milhões.

A condição gera uma série de traços e sua intensidade muda entre cada paciente – o que requer maior compreensão de pais, familiares, amigos e sociedade. Por isso, neste Dia Mundial de Conscientização do Autismo, lembrado em 2 de abril, o Pequeno Príncipe, maior e mais completo hospital pediátrico do país, destaca seis informações essenciais sobre o TEA e reforça a importância do conhecimento como aliado na conscientização.

1) Meninos nem sempre são maioria entre diagnósticos

Estudos indicam que a proporção de diagnósticos para meninos é quatro vezes maior do que para meninas. No entanto, uma revisão das pesquisas pode apontar sub-representação nos números por diversos aspectos sociais. Meninas podem apresentar comportamentos diferentes em comparação com meninos – levando ao mascaramento dos primeiros sinais.

A interação social e a comunicação, influenciadas por questões hormonais, às vezes são estereotipadas e merecem observação atenta de pais e familiares. Nem todo comportamento é apenas “coisa de menina” e, em conjunto com outros traços, deve ser avaliado por especialistas.

2) O autismo não é uma doença

O transtorno do espectro autista se caracteriza por uma série de condições que prejudicam áreas do desenvolvimento neurológico e a capacidade de interação social, comunicação e comportamento. Seus primeiros sinais podem aparecer na primeira infância, causando dificuldades no contato visual, na percepção do ambiente e na aproximação de pessoas.

Meninos e meninas também podem apresentar padrões repetitivos de comportamento, como bater as mãos ou repetir palavras. Mas é importante lembrar que nem toda criança desenvolve os mesmos traços com a mesma intensidade. Por isso, a avaliação para diagnóstico segue a classificação internacional de doenças da OMS e exames multidisciplinares.

3) Cada diagnóstico envolve níveis diferentes do espectro

Foi só em 2013 que o termo “espectro” foi adotado para referir-se ao transtorno autista. No âmbito científico, o substantivo significa uma representação de amplitudes e intensidades diversas. Algumas pessoas com TEA podem realizar todas as atividades do dia a dia, outras nem sempre. Para conduzir o tratamento e recomendar as terapias mais adequadas, o transtorno é classificado a partir de três níveis, que são:

• Nível 1 de suporte: exige apoio dos familiares e profissionais. Em geral, as pessoas apresentam sintomas leves, como dificuldades em situações sociais e na linguagem, comportamentos repetitivos e restritivos, ou comportamentos em excesso, por exemplo, cumprimentar ou falar com pessoas desconhecidas na rua.

• Nível 2 de suporte: exige apoio substancial. Pessoas que apresentam sintomas intermediários, normalmente, podem ter dificuldade em interações sociais, comportamentos restritivos e repetitivos, podem não fazer contato visual ou não expressar emoções, e manter conversas curtas.

• Nível 3 de suporte: exige muita necessidade de apoio substancial. Pessoas com sintomas severos, como dificuldade na comunicação e situações sociais, uso de poucas palavras e muitos comportamentos restritivos e repetitivos. Raramente iniciam alguma conversa e reagem somente a abordagens muito diretas.

4) O TEA não tem cura

Como o transtorno não é uma doença, também não tem cura. Mas uma vez realizado o diagnóstico, o acompanhamento multidisciplinar é fundamental. O desenvolvimento adequado deve ser estimulado a partir de terapias, que envolvem quatro profissionais principais: médico, psicólogo, terapeuta ocupacional e fonoaudiólogo.

Por ter diferentes níveis, cada paciente exige um tipo de acompanhamento específico e individualizado. Em alguns quadros, o uso de medicamentos é indicado para ajudar na manutenção do comportamento e na ocorrência de complicações de saúde e doenças relacionadas. Ao longo do tratamento, familiares, amigos e sociedade têm papel importante na compreensão de que há dias mais ou menos estáveis, mas com apoio em todos os momentos.

5) O transtorno do espectro autista nem sempre é hereditário

A causa do TEA não é única e vem de uma complexa interação entre fatores genéticos e condições ambientais. Alguns aspectos podem influenciar o aparecimento do espectro, como o uso de substâncias durante a gravidez ou nascimento prematuro. O uso excessivo de tela na primeira infância pode ser um fator de risco para crianças com predisposição genética. Também há risco aumentado em determinadas condições– como a síndrome do X frágil e esclerose tuberosa.

6)Paciência e afeto são essenciais

Ao socializar com crianças e adolescentes com TEA, é preciso compreender que não se trata apenas de birra ou pais que não educam. Busque saber com a família as peculiaridades que geram conforto e desconforto, como ruídos, luzes e objetos. Meninos e meninas com o transtorno podem comunicar-se de maneiras diferentes – o que não anula a manifestação de suas vontades.

*Com informações do neuropediatra Anderson Nitsche, do Hospital Pequeno Príncipe.

Sobre o Pequeno Príncipe

Com sede em Curitiba (PR), o Pequeno Príncipe é o maior e mais completo hospital pediátrico do Brasil. Há mais de cem anos, a instituição filantrópica e sem fins lucrativos oferece assistência hospitalar humanizada e de alta qualidade a crianças e adolescentes de todo o país. Referência nacional em tratamentos de média e alta complexidade, realiza transplantes de rim, fígado, coração, ossos e medula óssea, além de atender em 47 especialidades pediátricas com equipes multiprofissionais.

Com 369 leitos, sendo 76 de UTI, o Hospital promove 60% dos atendimentos via Sistema Único de Saúde (SUS). Em 2023, foram realizados cerca de 228 mil atendimentos ambulatoriais, 20 mil cirurgias e 307 transplantes. Reconhecido como hospital de ensino desde a década de 1970, já formou mais de dois mil especialistas em diferentes áreas da pediatria.

Além disso, sua atuação em assistência, ensino e pesquisa – conforme o conceito Children’s Hospital, adotado por grandes centros pediátricos do mundo – tem transformado milhares de vidas anualmente, garantindo-lhe reconhecimento internacional. Em 2024, foi listado como um dos cem melhores hospitais pediátricos do mundo e, pelo quarto ano consecutivo, foi apontado como o melhor hospital exclusivamente pediátrico da América Latina pela revista norte-americana Newsweek.

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