Ateliê Oral. Foto Divulgação

Além dos males físicos como enxaqueca e fadiga causados por estresse durante a pandemia, outra situação preocupante está sendo revelada por consultórios dentários: o aumento de dentes rachados ou fraturados.

“Nos primeiros meses do isolamento, quando atendíamos apenas emergências, as ocorrências desse tipo foram muitas, e seguem desde então. Estimamos um aumento de 20% nos casos de dentes quebrados durante a quarentena”, relata dr. Marcelo Moreira, cirurgião-dentista do Ateliê Oral em São Paulo, uma das principais clínicas do país.

A principal justificativa é a de que o estresse e as diferentes emoções que vêm à tona neste momento de crise econômica e psicológica provoquem problemas bucais.

Marcelo Moreira explica que uma das formas de tensões psicológicas se manifestarem em nosso corpo é com o apertamento dos dentes. “A tensão na musculatura da mandíbula ou o ranger dos dentes, conhecido como bruxismo, podem quebrá-los ou danificar obturações e coroas. Se o dente estiver forte e não quebrar, podem causar desgaste intenso, ou uma movimentação dentária, e o terceiro reflexo podem ser as dores musculares, tanto na mandíbula quanto em partes do corpo relacionadas, como pescoço e costas”, explica.

A manifestação de mais de um desses sintomas também é comum. “As nossas inseguranças, medos, pressuposições de perdas iminentes, aparecem em sintomas que chamamos de conteúdos manifestos, que são dores no corpo, pesadelos, bruxismo, fantasias de ter alguma doença grave, irritabilidade pelo confinamento”, explica a psicóloga Caroline Macarini, co-fundadora da Start Insight, plataforma de terapia online que está democratizando o acesso a atendimentos psicológicos no Brasil.

Segundo Marcelo Moreira, muitas pessoas não conseguem identificar que essas dores são causadas pela articulação temporomandibular (ATM) e acabam procurando outros tipos de profissionais. É importante o alerta para sintomas de dor quando os dentes estão encostados ou durante a escovação, inchaço, pedaços de dentes quebrados, e ainda dor na lateral do rosto. Nesses casos, o melhor é agendar uma visita ao dentista, evitando que o problema se agrave.

Como tratar
O odontologista deve fazer radiografias para visualizar a boca como um todo e avaliar o histórico do paciente para encontrar quaisquer condições pré-existentes, além de analisar bem todos os sintomas para adotar o melhor tratamento.

“Usar uma placa miorrelaxante que separe os dentes de cima dos de baixo é uma boa forma de evitar que o paciente aperte os dentes ou consiga friccioná-los. A aplicação de toxina botulínica também pode ser indicada para aliviar a dor da musculatura. E, como muitas vezes a raiz do problema é psicológica, recomenda-se o acompanhamento com psicólogo, pensando na saúde integral e no bem estar do paciente”, completa.

Outro fator importante, lembra Moreira, é não descuidar da saúde bucal. “Muitos problemas pioram ou não estão sendo tratados porque as pessoas têm medo de ir ao dentista. Mas é seguro.”

PRÁTICAS DE SEGURANÇA
Ao chegar na clínica - desinfecção de sapatos, higienização de celulares e bolsas com álcool 70%, utilização de máscara, trocando-a a cada 3h.

Respeitando as normativas de segurança do Conselho Federal de Odontologia, os profissionais dos consultórios atuam de forma estritamente regulada para prevenir o coronavírus, seguindo as práticas de biossegurança e desinfecção:
• Lavagem das mãos com frequência;
• Desinfecção de superfícies;
• Utilização dos EPIs;
• Aplicação de enxaguatório bucal com água oxigenada 1%;
• Utilização de isolamento absoluto, quando necessário.

A prevenção contra a COVID-19 começa antes mesmo da consulta: na confirmação por telefone deve-se informar que pacientes sintomáticos não devem comparecer.
Além disso, é importante realizar uma triagem nos pacientes que chegam ao consultório, adotando a aferição de temperatura com termômetro sem contato antes do atendimento e aplicando um questionário na recepção.

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