Setor de livros infantis cresce 7% no Brasil

Mercado editorial tem apostado em obras inclusivas, atendendo a pessoas com diferentes tipos de deficiência

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O setor de livros infantis está em alta no Brasil. Segundo pesquisa da Nielsen BookData, consultoria que oferece dados sobre o segmento editorial no Brasil, a literatura infantil cresceu 7% em 2024 e já representa 14% do comércio de livros no país. É a terceira maior categoria de obras vendidas, segurando essa posição desde 2019. 

Para atender esse público, uma linha editorial vem ganhando força devido às ações sociais que buscam a afirmação de pessoas com deficiência na sociedade: a de livros inclusivos. Entre as opções, estão obras com quesitos de acessibilidade, como o braille e letras ampliadas, para atender os deficientes visuais; livros com ilustrações táteis e texturas, que auxiliam no desenvolvimento sensorial; e livros com pictogramas e linguagem simples, indicados para crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Além disso, o mercado editorial também vem se preocupando em trazer histórias que incluam personagens com deficiência e neurodivergentes, para destacar a questão da representatividade. 

Estímulos sensoriais

A empresária Angélica Vaz Duarte, 36 anos, sempre estimulou o hábito da leitura entre seus filhos, incluindo Benjamin, 6 anos, que foi diagnosticado aos quatro meses de vida com hemiparesia. Benjamin tem uma mancha no cérebro que causa um atraso e dificuldade motora do lado direito (braço e perna), além de um leve atraso cognitivo.

“Em casa nós amamos ler, desde quando ainda estavam na minha barriga eu lia para meus três filhos (Ana Beatriz, de 9 anos; Benjamin, de 6 anos e Helena, de 3 anos). Eles sempre param para ouvir, interagir com a história e amam pegar os livros e contar a história do jeito deles, baseando-se nas figuras”, conta.

Os livros que ativam a parte sensorial são muito usados pela empresária, para dar novos estímulos ao seu filho. “Acredito que isso incentivou muito o Benjamin a amar desenhar e pintar. Ele faz isso com a mão esquerda e tem habilidade nos desenhos”, relata. 

Segundo a empresária, a leitura ajuda a criança a ficar um pouco longe das telas, conhecendo novas palavras e estimulando a imaginação, como acontece com Benjamin, que acaba arriscando falar algumas palavras que ele tem dificuldades com a pronúncia. 

Apesar de contar com essas opções de leitura mais interativas, Angélica diz sentir falta de mais livros no mercado editorial que falem sobre a inclusão e contem com personagens com deficiência. “Esse tema é pouco explorado no universo infantil e confesso que nunca encontrei uma obra que contasse a história de um personagem deficiente. Seria interessante, pois seria mais fácil para famílias que não tem pessoas com deficiência, preparar seus filhos para conviver com as diferenças. Talvez ajudasse a promover a inclusão e acabar com o preconceito”, ressalta. 

Tendência

Em Sorocaba, a Papelaria e Livraria Pedagógica tem notado um aumento na procura por obras que tratem da questão da deficiência, seja em obras inclusivas ou que abordem o tema. “Observamos um aumento na procura por livros infantis nos últimos anos, principalmente por livros inclusivos, e acreditamos que essa tendência continuará, impulsionada por novas metodologias de ensino e pelo interesse crescente em materiais educativos que estimulem o desenvolvimento das crianças”, afirma Nivaldo Madureira, diretor da Pedagógica. 

Madureira destaca que as principais tendências para este ano, em livros inclusivos, são os interativos e sensoriais; que abordam diferentes realidades sociais; e personagens neurodivergentes, promovendo empatia e representatividade, além de livros de colorir. 

“Observamos um interesse crescente de pais, familiares e educadores que buscam livros fora da exigência escolar. Isso é reflexo do maior incentivo à leitura desde a primeira infância, além do aumento da oferta de livros atrativos e educativos”, conclui. 

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