*Por Gustavo Mesquita Galvão Bueno e Dario Elias Nassif
Há poucos meses, assistíamos assustados no noticiário o número crescente de “golpes do PIX”, praticados das mais variadas formas e amedrontando a população. O aumento desse tipo de crime gerou até mesmo medidas de segurança especiais, determinadas pelo Banco Central. Agora, castigando o cidadão, temos uma avalanche de assaltos praticados por motociclistas disfarçados de entregador de aplicativo.
O volume de casos motivou o governo do estado a propor um pacote de ações para a segurança pública, anunciado nesta quarta-feira, 04. A Operação Sufoco pretende “tornar as Polícias mais visíveis e presentes nas ruas, aumentando a sensação de segurança”. Restando poucos meses para as eleições, a medida ganha contornos eleitoreiros, já que o fracasso da segurança em São Paulo certamente será uma bandeira dos adversários do atual governador.
Causa estranheza a “nova” política de segurança pública necessitar de publicidade. Qualquer cidadão atento ouvirá, em tom de ineditismo, o anúncio de “ações integradas das Polícias”, “aumento do policiamento”, “deslocamento de policiais de atividades administrativas para operações”, “reforço na fiscalização dos motoqueiros”, dentre outras. Ora, nada mais velho! Apenas repete-se mais do mesmo: medidas paliativas implementadas pontualmente, diante da explosão de um tipo de crime.
Até a eleição, em outubro, operações midiáticas, números de abordagens e prisões e uma provável redução nos assaltos praticados por falsos entregadores serão anunciados com a pompa de um grande feito. Segurança Pública não se faz com marketing e tão pouco com “pacotes de medidas” lançados a cada nova onda de crimes. A falta de uma política de segurança estruturada e planejada arrastou o estado de São Paulo para a crise atual: explosão da criminalidade e violência, sucateamento da Polícia Civil, alta evasão de profissionais, piores salários do país e índice alarmante de suicídio entre policiais.
Os adversários políticos do governador buscarão os pontos fracos da atual gestão, e um deles certamente é a segurança pública. Desvalorização dos policiais, jornadas de trabalho exaustivas e progressão funcional baseada em apadrinhamento são mazelas que os governantes não encaram de frente ao longo do mandato – mas se tornam o calcanhar de Aquiles no pleito eleitoral.
Qualquer medida implementada para coibir os criminosos tem efeitos positivos, mas a criminalidade é dinâmica e o resultado se esvai com a mesma rapidez que foi alcançado. Sem um trabalho de inteligência, desmantelando as organizações criminosas, mapeando locais e tipos de práticas utilizadas para perpetrar os crimes, nada mudará. A população paulista precisa estar atenta a situações paliativas. As Polícias merecem respeito e valorização, e não serem tratadas como vitrine eleitoreira.